Uma infância bem vivida é fundamental para que a criança tenha um desenvolvimento psíquico saudável, por isso são fundamentais os estímulos que ela recebe desde os primeiros dias de vida.
O Dia da Infância é comemorado no dia 24 de agosto com o intuito de fazer uma reflexão sobre as condições de vida das crianças. Não precisa ser um profissional da área para saber que tudo o que uma criança vive na sua infância irá refletir na sua vida adulta, tanto as experiências positivas quanto as negativas. Para Fernanda Paolucci, psicóloga especialista em clínica psicanalítica na contemporaneidade e que atua na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, é preciso pensar além da perspectiva do desenvolvimento pedagógico e cognitivo. “É necessário refletir também sobre a importância da constituição psíquica da criança e sobre qual é o nosso papel e a nossa função na vida dela”, ressalta Fernanda.
Falamos muito sobre as perspectivas dos estímulos e do desenvolvimento, mas não podemos esquecer que o cuidado e a educação têm um componente psicológico que sempre caminha junto. As pessoas que exercem a função de cuidadores têm um papel imprescindível na vida da criança e devem imprimir algo da perspectiva da constituição psíquica em tudo o que fazem durante a sua infância.
Os fatores emocionais acontecem em todas as ações, atividades e contatos que realizamos com uma criança. Seja no contato físico ou na nomeação de códigos linguísticos nos quais ela ainda não está totalmente inserida, como em uma brincadeira na qual nomeamos partes do corpo e nos mostramos encantados e envolvidos com o ato de cuidar de uma criança. Por exemplo, durante o banho podemos nos expressar dizendo o bebê está cheiroso, que ele é muito fofinho ou que está grandão, nomeando essas características. Esse é um momento particular da história de cada família e diz muito sobre as relações que estão se estabelecendo entre a criança e seus familiares.
Essas atitudes são fundamentais, pois a função dos pais e dos cuidadores é inserir a criança em um código que ela ainda não conhece. Ela precisa se sentir acolhida, bem-vinda, desejada e protegida. Assim, a criança começará a responder sobre sua própria condição, sobre seu crescimento enquanto sujeito, que dá notícias e corresponde às expectativas dos pais. É aquela fase que a criança começa a fazer gracinha porque ela pode ser o “príncipe da mamãe”, a “bailarina do papai”, o “grandão do vovô”, e esses nomes dão um lugar muito importante para ela. A notícia do mundo, a expectativa de que ela esteja nele inserida e que faça parte dessa família com um lugar tão especial, é fundamental para que a criança se constitua como sujeito e possa dar os seus próximos passos.
Segundo a psicóloga, devemos aproveitar este momento de isolamento social para observar as funções que desempenhamos diariamente com os filhos em casa. Precisamos dar mais atenção para as nossas crianças, escutando-as de uma forma mais limpa e conectada, fazendo o uso de toda essa herança estrutural que somos capazes de transmitir. Nós temos uma função muito importante na vida desses pequenos, seja como pais, cuidadores ou educadores, e é fundamental que exerçamos esse papel de forma responsável e atenta.
– Gostou deste conteúdo? Entre no nosso Instagram: @bibebrasil e confira o vídeo especial do Dia da Infância coma psicóloga Fernanda Paolucci.